eles virão buscar-vos brevemente...

terça-feira, 29 de março de 2011

Alguém me deu uma ideia. 03/2011

Então é assim, no outro dia, um amigo meu, depois de ler um deveras extenso devaneio meu neste blog, afirmou que tinha ficado com receio de que eu entrasse numa determinada temática gastronómica que pessoalmente creio se tornará a maior sensação desde que os hamburgueres passaram a ser feitos mesmo com carne de vaca (ou será ao contrário...?). Se falo dela aqui neste blog, é porque estou confiante de que as pessoas que lêem o que escrevo são seguramente menos de 5, incluindo eu, e que não têm quaisquer ambições no negócio da restauração. Para não adiar mais o suspense, trata-se do que eu e um amigo denominámos de SushiBurger. E antes de descartarem esta ideia só porque a junção destes dois elementos parece completamente desajustado, peço-vos que parem um momento para ponderarem no potencial explosivo desta mistura. A junção entre o exótico e tradicional oriente e o moderno e suculento rei da comida fastfood. Algo que no vosso prato estará a sorrir para vocês com um "duh, winning" soprado entre os dentes. Já me perguntaram qual seria o aspecto desta fusão surpreendente de gastronomias e em relação a isso devo admitir que não tenho rigorosamente uma ideia estabelecida. "Mas terá carne de vaca no meio de arroz ou salmão cru no meio de pão?" Pois...não sei. Sabem, às vezes as ideias são tão grandiosas que vê-las materializarem-se acaba por não ser o caminho certo para elas. E isto é tão verdade para o minha co-ideia de SushiBurger, como infelizmente para quase qualquer coisa que eu escreva para fazer parte desta grande tradição que os portugueses têm que se chama o cinema português (com letra minúscula, obviamente). Mas voltando à comida, só tenho a dizer que se as pessoas gostam de uma pequena invenção também aparentemente tola chamada sushi alentejano, será assim tão disparatado que um SushiBurger tenha também o seu pedaço de sucesso. A única coisa que não terá influência nenhuma japonesa será necessariamente a sobremesa, porque, vamos lá ser sinceros, quem é que já comeu uma sobremesa japonesa e regressou ao mesmo sítio para voltar a comê-la.
Hey, João tiveres outros temas que queiras ver explorados é só usar a "comment section BELOW". Ah e qualquer outra pessoa também, esteja à vontade...

"...what in me is dark illumine, what is low raise and support..."

quinta-feira, 24 de março de 2011

sair. 03/2011

Pais que vêem os filhos em casa na idade em que eles já tinham casado e tido o segundo filho. Filhos que desejam mais que tudo sair de casa dos pais, mas sem a segurança para tal. O respeito que deixa de haver quando não se tem emprego. O indizível compromisso com um filho desempregado e a sua mesada. O orgulho de um diploma que não pode ser exercido. O estado do país como justificação. A vida que, de tão cheia, se torna vazia, e pequena e concentrável numa discussão. Isto não é um jogo. Não há regras; só expectativas. Quando há problemas, fala-se; se não falo, é pelo exemplo que tive. São palavras que não se dizem e passos dados que não se retiram. A minha vida não é a tua. Só quero sair; alguém me deixe sair.

Mais letras. Entre terramotos e S. Bento 03/2011

Ok, pegando num tema completamente aleatório, vamos falar de sushi. Mas não de um sushi qualquer, vamos falar daquilo que dentro do meu grupo de amigos chamamos de "sushinês". Para quem não percebe é a junção de duas palavrinhas, tal como a palavra "Beararism" resulta de "Bear" e "Terrorism". Basicamente falamos de um restaurante de comida japonesa, limitada a sushi, simultaneamente com elementos gastronómicos chineses, gerido por chineses. Actualmente este negócio deve vir em segundo lugar nas actividades dos imigrantes chineses em Portugal - falo apenas pelo que vejo, não por ter dados do Instituto Nacional de Estatística, cabe a vocês ponderar qual dos dois é mais verosímil - a seguir ao tradicional bazar chinês, ou como na rua normalmente se designa, apenas "o chinês". Não é que eu seja contra qualquer um destes ramos de actividade, antes pelo contrário; ignorante como sei que sou, não detecto a diferença aparentemente colossal entre os produtos comercializados por essa grande gente do oriente e os de supostamente melhor qualidade, para que justifique pagar cinco vezes ou mais o preço delas. Deixo desde já bem explícito que estes produtos chineses são para quem, das três uma: ou não tem dinheiro para mais; ou apenas precisa de algo que faça o trabalho e que não dure depois disso; ou, mais importante, e no grupo onde me insiro, goste de viver na ilusão. Ilusão de que não penso que a comida nos sushineses não é inferior à do mercado de Tóquio, e que as mulheres bonitas nos restaurantes não odeiam trabalhar num restaurante que imita uma cultura que invadiu o país deles e ainda os olha com desrespeito (mas, com esse raciocínio, que cultura estrangeira é que os japoneses respeitam afinal?). Pois eu gosto da comida e portanto não me preocupo com o resto; só nestes momentos em que me dá vontade de escrever coisas que ninguém, para além do João, se tiver paciência de chegar até esta linha - e nesse caso peço o favor de aguentar umas mais, porque pode não parecer mas este texto tem uma linha de pensamento, lerá. E, ou muito me engano, ou cada vez mais as pessoas frequentam esses estabelecimentos. Ainda assim, ao mesmo tempo, na opinião pública os sushineses ainda são capazes de ofender as camadas mais susceptíveis da população, sejam aqueles que nem sequer admitem provar peixe que não seja cozinhado, seja aqueles cuja situação económica os permite usufruir do "verdadeiro" produto, ou apenas aqueles que menosprezam tudo o que é chinês. Neste último ponto estou claramente a falar dos políticos. E porquê? Em primeiro lugar, todos crêem que são modernos, portanto devem gostar de sushi. Em relação ao dinheiro, se estão no governo ou assembleia, é sinal que não estão a ganhar rios de dinheiro como ganhariam ao serviço de privados; finalmente e também para suportar este segundo ponto, já ouvi falar de cortes a tudo, menos aos empregados do Estado mais bem favorecidos, portanto eles já devem ganhar mal. Ora se mesmo assim não vemos a nossa classe política nos Osakas, Nagoyas, Tokyotos, Samurais, King Sushis, Hiroshimas, Nagasakis, Sakuras, ou eles pedem Take-away para comerem em casa sem vergonhas, ou afinal estão no Aya, e não falo com dor de cotovelo (está bem, talvez um pouco). E depois comecei a pensar, como o meu diabrete comunista que tenho sempre no meu ombro direito sempre quer. Portanto imaginem o que tenho no meu ombro esquerdo (o_o). Mas comecei a pensar porque é que existem sequer restaurantes e lojas deste tipo, se quem manda no país nem sequer as usa. Se eles não as usam, porque é que nós havemos de as usar? Porque é que o que é bom para nós não é bom para eles e vice-versa. É claro que isto tem uma resposta simples, mas por muito que eu admita que gosto de coisas simples, não posso evitar ser um "sucker" por coisas complicadas. Portanto o que eu acho é que o nosso próximo primeiro ministro, Platão ou Esquilo (não confundir com Ésquilo, é um pun propositado), ou começa a ir a sushineses e a ter lanternas chinesas em casa, ou está claramente na hora de uma revolução. E nesse caso, quem deveria governar este país morbimental (sentimentalmente mórbido ;) ). Pois bem, a resposta é demasiado simples, aqueles que têm o crescimento económico mais favorável, ou seja, os chineses.

Pois bem, João, agora já acabei este desabafo estupidiota, é para não dizeres que não faço nada.
Peace.
"...what in me is dark illumine, what is low raise and support..."

escrever, sem mais nada para fazer. 03/2011

Já sentiste alguma vez uma vontade simples de escrever, apenas escrever? Mesmo sabendo que não o mostrarás a ninguém e por consequência ninguém te dará a sua opinião, ou fará comentários e críticas mais ou menos adequadas, ou palmadinhas no ombro ou uma palavra de desprezo. Mas que egoísmo...Que acto de profundo distanciamento. Não? Mas não será sempre para ser lido, aquilo que escrevemos? "Por nós"? Sim, claro, mas leio-o ainda antes de estar escrito. Não. É o medo, como sempre o foi. O medo de ser julgado; aliás, primeiramente, é o medo de poder ser conhecido. Que piada tem se nos conhecem, se somos um livro aberto para quem nos quiser ler? Sim, esse é o primeiro medo. Hoje em dia, há um outro medo - o medo de não ser aceite. "Não vou escrever isto, já é visto, é foleiro". Há demasiada informação para que não haja de forma involuntária um sistema qualquer de "gosto" e "não gosto" de determinada coisa. Perdeu-se o respeito pelas coisas feitas, pelas coisas ditas e finalmente pelas coisas pensadas. E todo o discurso que ouvimos é rigorosamente o mesmo, porque tem de ser um discurso aceitável e "fixe". Se há palavra que neste momento mais odeio é a palavra fixe. Fixe é para todos aqueles que têm medo, que não querem olhar para o resto, para o que vai para além do aceitável e superficial. É o processo de transformação das pessoas em rótulos. "Ai ele é fixe, gosta desta banda", "Ai ela é fixe, prefere cenouras a maionese" ou "Temos o mesmo filme preferido, isso é tão fixe". Isso não é fixe, isso é gostos e medos. Porque a partir do momento em que gostamos de alguém ficamos presos à ideia de que temos de ter coisas em comum, algo para partilhar e a partir do qual possamos construir. Aí está uma grandiosa ideia, construir a partir do medo, uma paliçada que se destrói ao primeiro ataque. Desde há bem pouco tempo trocaria os gostos e coisas em comum todas do mundo, por algo melhor, por algo sem medo, sem aflição. Para construir, mas não uma paliçada, nem sequer um castelo, porque também eles eventualmente caem, mas apenas uma casa, por muito temporária que seja.
Espero que isto faça sentido para mais alguém que não eu, mas uma conversa que começa com o acto de escrever e acaba em construir casas no sentido figurado pode tornar-se no mínimo enigmático e digno de ser rotulado com as duas palavras menos úteis da história das letras, quando juntas - não gosto. Mas se for esse o caso contigo, respondo-te com três das palavras mais úteis - vai pó caralho. Obrigado e boa noite.

terça-feira, 15 de março de 2011

fuck off. 03/2011

I don't care I don't care
I'm just happy being there
when you stop stroking my hair
do you think I'm unaware
I don't care I don't care
eating lunch in underwear
give me please something to share
don't you make me lose my flair
I don't care I don't care
for such an answer to my prayer
when I'm feeling so bare
Oh I wish I didn't care