eles virão buscar-vos brevemente...

quinta-feira, 24 de março de 2011

Mais letras. Entre terramotos e S. Bento 03/2011

Ok, pegando num tema completamente aleatório, vamos falar de sushi. Mas não de um sushi qualquer, vamos falar daquilo que dentro do meu grupo de amigos chamamos de "sushinês". Para quem não percebe é a junção de duas palavrinhas, tal como a palavra "Beararism" resulta de "Bear" e "Terrorism". Basicamente falamos de um restaurante de comida japonesa, limitada a sushi, simultaneamente com elementos gastronómicos chineses, gerido por chineses. Actualmente este negócio deve vir em segundo lugar nas actividades dos imigrantes chineses em Portugal - falo apenas pelo que vejo, não por ter dados do Instituto Nacional de Estatística, cabe a vocês ponderar qual dos dois é mais verosímil - a seguir ao tradicional bazar chinês, ou como na rua normalmente se designa, apenas "o chinês". Não é que eu seja contra qualquer um destes ramos de actividade, antes pelo contrário; ignorante como sei que sou, não detecto a diferença aparentemente colossal entre os produtos comercializados por essa grande gente do oriente e os de supostamente melhor qualidade, para que justifique pagar cinco vezes ou mais o preço delas. Deixo desde já bem explícito que estes produtos chineses são para quem, das três uma: ou não tem dinheiro para mais; ou apenas precisa de algo que faça o trabalho e que não dure depois disso; ou, mais importante, e no grupo onde me insiro, goste de viver na ilusão. Ilusão de que não penso que a comida nos sushineses não é inferior à do mercado de Tóquio, e que as mulheres bonitas nos restaurantes não odeiam trabalhar num restaurante que imita uma cultura que invadiu o país deles e ainda os olha com desrespeito (mas, com esse raciocínio, que cultura estrangeira é que os japoneses respeitam afinal?). Pois eu gosto da comida e portanto não me preocupo com o resto; só nestes momentos em que me dá vontade de escrever coisas que ninguém, para além do João, se tiver paciência de chegar até esta linha - e nesse caso peço o favor de aguentar umas mais, porque pode não parecer mas este texto tem uma linha de pensamento, lerá. E, ou muito me engano, ou cada vez mais as pessoas frequentam esses estabelecimentos. Ainda assim, ao mesmo tempo, na opinião pública os sushineses ainda são capazes de ofender as camadas mais susceptíveis da população, sejam aqueles que nem sequer admitem provar peixe que não seja cozinhado, seja aqueles cuja situação económica os permite usufruir do "verdadeiro" produto, ou apenas aqueles que menosprezam tudo o que é chinês. Neste último ponto estou claramente a falar dos políticos. E porquê? Em primeiro lugar, todos crêem que são modernos, portanto devem gostar de sushi. Em relação ao dinheiro, se estão no governo ou assembleia, é sinal que não estão a ganhar rios de dinheiro como ganhariam ao serviço de privados; finalmente e também para suportar este segundo ponto, já ouvi falar de cortes a tudo, menos aos empregados do Estado mais bem favorecidos, portanto eles já devem ganhar mal. Ora se mesmo assim não vemos a nossa classe política nos Osakas, Nagoyas, Tokyotos, Samurais, King Sushis, Hiroshimas, Nagasakis, Sakuras, ou eles pedem Take-away para comerem em casa sem vergonhas, ou afinal estão no Aya, e não falo com dor de cotovelo (está bem, talvez um pouco). E depois comecei a pensar, como o meu diabrete comunista que tenho sempre no meu ombro direito sempre quer. Portanto imaginem o que tenho no meu ombro esquerdo (o_o). Mas comecei a pensar porque é que existem sequer restaurantes e lojas deste tipo, se quem manda no país nem sequer as usa. Se eles não as usam, porque é que nós havemos de as usar? Porque é que o que é bom para nós não é bom para eles e vice-versa. É claro que isto tem uma resposta simples, mas por muito que eu admita que gosto de coisas simples, não posso evitar ser um "sucker" por coisas complicadas. Portanto o que eu acho é que o nosso próximo primeiro ministro, Platão ou Esquilo (não confundir com Ésquilo, é um pun propositado), ou começa a ir a sushineses e a ter lanternas chinesas em casa, ou está claramente na hora de uma revolução. E nesse caso, quem deveria governar este país morbimental (sentimentalmente mórbido ;) ). Pois bem, a resposta é demasiado simples, aqueles que têm o crescimento económico mais favorável, ou seja, os chineses.

Pois bem, João, agora já acabei este desabafo estupidiota, é para não dizeres que não faço nada.
Peace.
"...what in me is dark illumine, what is low raise and support..."

1 comentário:

  1. Se eu sou o João, digo-te já que cheguei à parte do "só o João deve estar a ler isto" e tive de voltar ao inicio do texto porque estava claramente a saltar linhas.
    Eu acho bem que escrevas coisas destas, parvas ou não, são desabafos e tu sabes bem isso. Nunca se sabe o que pode acontecer durante um, pode até retirar uma ideia que possamos usar no futuro.

    Fora isso, vou colocar agora o meu JohnSamus mode.

    Dude, tanta merda para falares do sushinês. A única coisa boa deste texto foi não teres falado do sushiburguer. Quando me apercebi da temática, foi a coisa que mais temi. Nisso, levas props. No texto maricas, não levas.

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